domingo, 15 de dezembro de 2013

Abuso sexual...



Dia desses vi esse vídeo no Facebook e até compartilhei. Achei realmente nojento o que alguns homens são capazes de fazer para terem sexo com uma mulher bonita. Enfim se esse tipo de coisa não é abuso sexual, sinceramente não sei classificar como outra coisa. Então, quando fui dormir me lembrei de algo que aconteceu quando tinha 14 anos e que voltou a minha mente como um filme.

Todos já sabem que nasci homem e que minha família nunca aceitou o fato de ser homossexual e muito menos quando souberam que era mesmo transexual. Aos meus 14 anos era um menino assustado que tinha medo de tudo.  Então meu pai pediu a um amigo dele que me levasse num bar onde tinham umas prostitutas, com a finalidade de me iniciar sexualmente, já que ele percebia alguma coisa "errada" comigo. 

Um dia, esse tal amigo do meu pai, eu com 14 anos e ele com uns 40 anos, me ligou chamando para sair. Mega estranhei aquilo, mas como era amigo do meu pai lá fui eu. 

Chegamos a um bar que era bem escuro, mal se podia ver as pessoas. Ficava no meio do nada, era uma estrada com aquele bar perdido lá no meio. E era um local grande, com uma máquina de música. Assim que cheguei a máquina de musica tomou toda a minha atenção. Mas o amigo do meu pai queria mesmo era me empurrar para cima das prostitutas. Então me chamou para sentar e mandou me servir uma bebida forte. Um horror beber aquilo, nunca tinha bebido, ele me dizia que era para eu ficar mais solta. E tomei um copo pequeno. Logo veio uma menina, bem nova, talvez poucos anos mais velha que eu e sentou na mesa. O tal amigo do meu pai falava para mim que era para eu ficar com a menina, que meu pai iria ficar muito feliz em saber que fiquei com ela. Olhando para a tal mulher,  comecei a me sentir muito incomodada com a situação e disse que ia dar uma volta fora do bar.

Fora do bar, como disse antes, era uma estrada e mato para todos os lados. Mas tinha uma ruazinha ao lado e resolvi entrar nela, era uma rua de barro, escura, tão deserta quanto todo o local e logo percebi que atrás do bar tinha um monte de quartinhos um ao lado do outro. Parecia um hotel. Aos meus 14 anos e totalmente ingênua, não me liguei que aquilo era para as prostitutas levarem os caras. 

Quando percebi o amigo do meu pai estava ao meu lado. Nesse ponto ele já tava bem alto de bebida, porque não parava de tomar aquelas drinks fortes. Então perguntou o que aconteceu e  disse para ele que não queria sair com mulheres. Então se aproximou e perguntou se estava interessada em outra coisa e pegou minha mão e colocou no seu pênis. Meu coração batia muito acelerado. Daí sem nem tempo de pensar, começou a me agarrar e me beijar o pescoço e dizer que queria transar comigo. O que mais ficou na minha mente foi eu tentando me desvencilhar dele, o bafo de bebida em cima de mim e o nojo que sentia da aparência dele. Senti um pavor tão grande de tudo que corri o máximo que pude, assim que me soltei dele. Eu com 14 anos e ele com 40 e bêbado não conseguiu me alcançar.

Depois de muito caminhar naquela estrada finalmente passou um ônibus e quase me joguei em frente a ele.  Depois de horas tentando achar o caminho de volta para casa finalmente consegui. 

No dia seguinte meu pai me pergunta todo ansioso como tinha sido minha saída e então contei para ele o ocorrido e  simplesmente ficou furioso e não acreditou no que tinha acontecido. Disse que eu não tinha jeito mesmo, que se envergonhava de mim, que o amigo dele jamais faria isso. Lembro que me senti muito muito mal mesmo, a última das criaturas.

Aos 14 anos a gente só quer aceitação e então falei com meu pai que ele poderia marcar novamente, que iria sair com a prostituta. Mas até chegar para ele e falar isso, foram semanas remoendo tudo o que tinha acontecido e percebido que essa era a saída para amenizar as coisas para meu lado. Meu pai feliz da vida mandou o mesmo amigo me levar ao tal lugar. E lá fui eu com o mesmo cara, não falamos sobre o ocorrido, fomos para o mesmo bar, encontrei a mesma prostitua e transei com ela. Na verdade foi mais uma masturbação dentro da vagina de uma mulher. Porque tive que fantasiar estar com um homem para conseguir transar com ela. Depois de acabado pedi a ela para contar para o tal amigo do meu pai que tudo tinha saído bem. Foi o que ela fez. E as coisas se amenizaram por um tempo na minha casa, mas só por um tempo. 

Talvez o pior foi ter que sair com aquele sujeito e fingir que nada tinha acontecido e perceber que ele também fingia que nada tinha acontecido. Sinceramente poucas vezes me senti tão mal ao lado de alguém.

Conclusão: Não me dou o devido valor. Passei por muita coisa nessa vida, por situações limites, emocionalmente falando, e mesmo assim ainda continuo me sentido uma merda de pessoa em muitos momentos. Acho que pelas barras que passei até que não fiquei tão mal, tão derrotada como poderia ter ficado. Mas tem momentos ainda que acho que poderia ter dado uma volta maior por cima. E nessa dualidade de opiniões, sigo em frente.